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Mulher faz cirurgia bariátrica sem saber que estava grávida

Descoberta só aconteceu aos três meses de gestação

Paulo Moura - 03/07/2025 16h01 | atualizado em 03/07/2025 18h02

Patricia fez bariátrica sem saber que estava grávida Foto: Arquivo Pessoal

A analista de RH Patricia Anny Baptista estava internada após sofrer um desmaio quando recebeu uma informação que mudaria sua vida: estava grávida de três meses. A notícia em si não causaria maiores sustos se não fosse pelo fato de que ela foi dada um mês depois de uma cirurgia bariátrica realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

– Na hora [que recebi a notícia] eu surtei – recorda Patricia.

Na época, Patricia, que já era mãe, enfrentava obesidade grau II e comorbidades como gordura no fígado, pré-diabetes, hipertensão e dores nas pernas e joelhos. Foi a dificuldade para engravidar novamente que a motivou a buscar ajuda médica. Ao passar por um ginecologista, ouviu que a bariátrica poderia ajudá-la a realizar o sonho de ter outro filho, opinião que foi corroborada por outros profissionais médicos.

Ela foi operada em 25 de maio de 2017, cerca de dois meses após ter feito os exames pré-operatórios exigidos. Logo após a cirurgia, porém, Patricia começou a vomitar tudo o que comia ou bebia. Um mês depois, desmaiou e foi levada ao hospital. Lá, após uma bateria de exames, veio a descoberta da gestação. Durante toda a gravidez, Patricia sofreu com vômitos constantes e perdeu 30 quilos.

– Os médicos só falavam pra eu tentar comer, pra fazer uma forcinha. Mas eu não conseguia – relata.

De acordo com a analista de RH, não foi oferecida nenhuma alternativa nutricional, como a nutrição parenteral, que, segundo ela, teria ajudado a proteger a criança. Enquanto a equipe médica dizia que o feto não era viável, Patricia manteve a fé. Meses depois, nasceu Camila, com 28 semanas, 540 gramas e 28 centímetros, que já viveu um milagre logo no parto.

– Ela nasceu sem vida, mas quando a enfermeira a pegou no colo, ela voltou sem ser reanimada – diz a mãe.

A bebê enfrentou uma longa internação na UTI, com episódios de sepse, paradas cardíacas, hemorragias e enterocolite necrosante. A menina só recebeu alta após seis meses de vida, com apenas 2,5 quilos.

SEQUELAS
Atualmente com 8 anos, Camila convive com sequelas motoras, cognitivas, respiratórias e uma condição autoimune na tireoide. Ela pesa apenas 14 quilos e é acompanhada por uma equipe de oito especialistas e cinco tipos de terapias. Até os dois anos, ela precisou de oxigênio suplementar.

A própria Patricia também enfrentou consequências emocionais: recebeu diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático e continua em tratamento com medicamentos e terapia. A família processou o hospital, argumentando que o exame de gravidez deveria ter sido repetido antes da cirurgia, mas o processo durou cinco anos e terminou com vitória do hospital.

– Eu não queria dinheiro pra mim. Queria pagar uma fono ou uma fisioterapeuta particular pra minha filha. Hoje faço o que posso. Pago plano de saúde e estou na fila pra uma consulta com o neurologista pra ela, porque não consigo pagar R$ 800 em uma particular – diz Patricia.

A analista ainda ressalta que “se tivessem pedido um beta hCG um dia antes da cirurgia, nada disso teria acontecido” e diz que o fato aconteceu por “falta de zelo”.

De acordo com o cirurgião Tiago Szegö, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, não há uma norma que obrigue a repetição do teste de gravidez próximo ao procedimento. Segundo ele, a maioria dos cirurgiões pede o Beta hCG nos exames pré-operatórios, mas que, como no SUS o tempo de espera pode ser longo, talvez não haja logística para repetir o exame.

Ele reforça que a recomendação é evitar gravidez nos primeiros 12 a 18 meses após a cirurgia bariátrica, período em que a perda de peso é mais acelerada e pode haver risco de desnutrição.

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